sábado, 30 de julho de 2011

Um lugar além de nossos Sonhos...

O homem não é apenas um ser pensante, mas também alguém que sente.
Ele é um todo, uma unidade de forças múltiplas intimamente associadas.
A obra de arte deve falar a este todo, corresponder a essa rica unidade,
a essa multiplicidade que nele existe. ( Goethe )

Há certamente momentos em que nosso espírito anseia por encontrar um lugar, uma paragem, um refúgio enfim, onde possa acalentar as suas angustias, reconfortar as suas decepções e balsamizar o seu desalento, principalmente num século como o nosso, em que os bons costumes, os bons valores estão corrompidos terrivelmente, e os bons sentimentos são atraiçoados por alegrias fortes ou fantasias descabidas, esses abalos internos, essas convulsões furiosas são ainda mais contundentes, e tem repercussão e efeitos ainda mais danosos nas almas sensíveis.
Os clamores por uma sociedade justa, por direitos elementares invioláveis e por um sistema democrático plausível são asfixiados por interesses corriqueiros, pessoais e por assim dizer... Baixos. Nada de novo abaixo do sol, além da pertinaz e vã vaidade humana... O povo esfaimado procura alimento num latão de lixo e encontra apenas um livro de Platão, pois que o homem moderno não precisa educar a sua alma, tão somente regalar o seu corpo.
Entretanto quando grandes catástrofes assolam, vergastam-nos impiedosamente, quando nos vemos diante de nossa própria pequenez e vulnerabilidade, quando vimos as Torres Gêmeas caírem, a guerra desumana no Afeganistão, a força destruidora do Tsunami, a vertiginosa velocidade trágica da gripe A, e as bárbaras atrocidades em nossa sociedade civil, repensamos nossos valores, reavaliamos as nossas diretrizes e sobretudo, tememos por nosso destino vivendo nossa vida, ou melhor discorrendo celeremente nossos dias ao sabor do imediatismo e das frivolidades, então volvemos nosso olhar e reavivamos a nossa atenção aos grandes gênios, eis então diante de nós: Shakespeare, Aristóteles, Shiller, Davinci, Victor Hugo, Cervantes, Walter Scott, Rousseau, Homero, Virgilio, que recolocam-nos nos benévolos caminhos, os quais abandonamos por ingenuidade, pois que a cultura, a arte e o belo são os únicos licores celestes que perpetuam a serenidade em nosso espírito, é o único facho de luz que esbate as trevas da ignorância e da perturbação, causadoras dos intrincados problemas psicológicos de nossos tempos, e é preciso cercar o gênero humano de luzes, de livros, de conhecimento, de poesia, de filosofia, para que ele não se perca na neblina espessa, insinuante e perigosa do desespero.
Certa vez alguns imprudentes disseram, ¨A arte pela arte¨... De modo algum, proclamemos em uníssono e em bom tom batendo em nossos peitos: ¨A arte para o progresso¨, a ¨A arte para o povo¨ , pois apenas assim encontraremos o lugar que tanto almejamos, aquele lugar além de nossos sonhos...

                                                                                                                              Rômulo Chaves

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