quarta-feira, 3 de agosto de 2011

A Lagoa




Sofremos de uma doença curável,
e, nascidos para o bem, somos ajudados
pela natureza em nos querendo corrigir.
                                                     Sêneca



O contato com vossas margens verdejantes,
Traz-nos regozijo sublime.
Vossas calmas águas espelham,
A beatitude do éter...
Invejo as aves que vêm a ti,
E do alto podem contemplar,
A tua finitude alvissareira!
E se inebriarem com o teu frescor.
A coloração das árvores que lhes cerca,
São de cores amenas...
Que até as almas embrutecidas,
Enternecem-se ao vê-las.
Diante de ti...
Incontáveis jovens juras de amor eterno fizeram...
Incontáveis adultos, os pensamentos conturbados amainaram...
E incontáveis idosos, com os olhos marejados...
Da cândida infância recordaram.
O suave zéfiro que beija a fronte,
Dos eleitos a sua contemplação...
Leva consigo suas mágoas, angústias e desilusões.
Ah! Pudessem os homens compreender,
Os louvores que os pássaros...
Entoam sobre ti, lançando-os ao infinito.
De vossas margens não mais se afastariam...
Pelos caminhos escusos não se enveredariam.
E quando a meiga chuva,
Rega-lhe a face...
Aí então é que a vida em ti,
Resplandece em explêndidas nuanças.
Esta paz que sentimos perante vós...
Nem Alexandre, o grande conquistou.
Nem Napoleão Bonaparte, se apoderou.
Porquanto ela não se adquire,
Pelas conquistas funestas...
Mas, com a aquisição,
De valores que elevam a alma
E enaltecem o ser.
Sem essa nódoa que deslustra o espírito,
Que os licenciosos denominam enquanto deleite
E os sábios devassidão...
Pois o que é efêmero o faceiro vento leva...
Todavia, o que é eterno cravado no solo fica.
E quando das mazelas fugidias desvencilhares,
E como o condor, nas alturas chegares.
Planando sobre as cousas diminutas...
Aí então poderás contemplar o que há...
De mais belo e majestoso,
Que a vida nos pode ofertar.
E então embevecido de ternura imorredoura...
Começarás a compreender os preceitos edificantes,
Do nobre Nazareno...
Que nasceu na singela manjedoura...
Ao lado dos ruídos dos animais.
Que nos montes subiu...
Para espargir sobre a terra,
Etéreos ensinamentos.
Que se tornou mestre sem se diplomar,
E nos ensinou a amar e perdoar...
Que pedaço de chão algum açambarcou,
Nem mesmo uma moeda no bolso conservou.
Que montou num vulgar burrinho,
Para os homens saudar...
Que de olhar sereno cumpriu as profecias.
Para que todos pudessem ser agraciados,
Com o advento do Messias.
Que foi imolado na cruz,
E no mundo acendeu a luz...
Que vivenciou e apregoou o amor e a caridade,
E assim tornou-se o rei de toda a humanidade.

Rômulo Chaves

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